Uma carta de amor ao rock and roll. Foo Fighters, Morumbi, 23/01/2015.

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Foo Fighters no Morumbi, 23 de janeiro de 2015.
Foo Fighters no Morumbi, 23 de janeiro de 2015.

Dave Grohl define o projeto”Sonic Highways” (série de TV e disco) como uma carta de amor à história da música americana”.  A turnê desse disco que, depois de Porto Alegre, encheu o Morumbi na antevéspera do aniversario de São Paulo Rock City e chegou ao Maracanã no domingo, pode ser tranquilamente definida como carta de amor ao rock and roll. Especialmente, ao rock mais pesado! Vinte e dois depois do polêmico concerto do Nirvana no estádio do São Paulo, o roqueiro gente boa voltou comandando o palco (dois palcos!), com os Foo Fighters, no auge.
DSC06230 (1)-1O esquema esporro/silêncio/esporro primeiro consagrado pelo Pixies – influência assumida do Nirvana – vira esporro/silêncio/esporro/mais esporro ainda com os Foo Fighters. Os shows da turnê têm durado umas três horas.  Grohl, Taylor Hawkins, Chris Shiflett, Pat Smear, Nate Mendell e o tecladista Rami Jaffee detonam quase todos os seus pesados hits e ainda se divertem muito tocando covers inteiras ou ao menos riffs de clássicos absolutos do rock.  Um dos guitarristas, Chris Shiflett, às vezes com uma guitarra com um adesivo de Ace Frehley, toca a introdução de “I’m the One”, do “Van Halen I“, primeiro disco do glorioso Van Halen. A banda toda se exercita com trechos de “Tom Sawyer”, mega sucesso do Rush. No Morumbi, os Foo Fighters mandaram boa parte de “War Pigs”, clássica declaração metálica do Black Sabbath. Muito gente deve ter ficado com vontade de ter ouvido essa cover inteira! No Maracanã, teve trecho de “Mountain Song”, do Jane’s Addiction, e Pat Smear ameçou tocar “Smoke on the Water”, do Deep Purple, mas só ficou só na frase de guitarra conhecidíssima. O clima é de jam, de banda de garagem, a maior banda de garagem do mundo hoje em dia.

DSC06232A autoestrada brasileira da turnê Sonic Highways também deu destaque para a versão Foo Fighters de “Detroit Rock City”, cartão de visitas do Kiss. Mais dois clássicos do Queen: a pesada “Tie Your Mother Down” e a suingada “Under Pressure”, gravada originalmente junto com David Bowie. A partir do show do Morumbi, entrou no setlist a cover de “Stay With Me”, do Faces, banda do fim dos 60 que tinha Rod Stewart como vocalista. Cantada pelo também rouco Taylor Hawkins, o simpático e espetacular baterista que Dave Grohl trouxe pro Foo Fighters da banda de Alanis Morissette. Ele já tinha cantado “Cold Day in the Sun” e as versões do Queen. No Rio Grande do Sul, rolou cover do LCD Soundsystem (“Daft Punk is Playing at  My House”), dos Stones (“Miss You”) e outra do Queen (Another One Bites the Dust”).

Por falar em rouquidão, esta Coluna tem uma #tag chamada #ShowsQueEuVi. Poderia bolar uma nova: #ShowsQueEuVi, mas não ouvi direito. Pelo menos no meu pedaço da pista comum, o som estava péssimo, começou muito baixo, depois aumentou um tanto, voltou a cair, aumentou de novo… Não se ouvia agudos, numa banda com três guitarras! Em alguns momentos de menos peso, o som das pessoas conversando competia com o da banda!

Uma decepção o volume, principalmente levando em conta o preço do ingresso. Considero esse esquema de pista VIP, que divide o público por preço, uma das coisas mais anti-roqueiras. Mas chego a conclusão de que não tem jeito: se o fã quer não só ver o show de perto como ouvir direito,  infelizmente, tem que dar um jeito de encarar o extorsivo preço da área VIP.

Momento "Congregation": o FF poderia ter tocado mais do "Sonic Highways"
Momento “Congregation”: o FF poderia ter tocado mais do “Sonic Highways”

Uma pena. Porque foi um grande show de rock. Gostaria de ter ouvido mais canções do “Sonic Highways”. Se as músicas de um disco não rolam na turnê desse álbum, dificilmente vão rolar um dia ao vivo. “In the Clear” (presente no set-list de Porto Alegre) ou “The River”, por exemplo. Numa questão de gosto pessoal, senti falta de “Generator”, que a banda tocou em POA – no Rio, teve “Big Me” e “This is a Call”. Mas não dá para ter tudo num setlist, mesmo.

Esta carta de amor ao rock também foi marcada por um pedido de casamento no palco. E o padrinho Dave Grohl abençoou o noivado do casal de fãs.

E a galera não parou de cantar o “ô ô ô” de “Best of You”!

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Metallica #ByRequest @ Morumbi, São Paulo, 22/03/2014.

'Ride the Lightning 'perdeu de 'The Day That Never Comes.'
‘Ride the Lightning ‘perdeu de ‘The Day That Never Comes.’

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Foi um banho de metal. No primeiro sábado do outono 2014, a chuva fina caiu em boa parte do show do Metallica, antecedido pelo #esquenta do Raven (os primeiros a levar o Metallica em turnê, a Kill ´em All For One, lá pelos idos de mil, novecentos e New Wave of British Heavy Metal).

O set-list escolhido pelo público que comprou ingresso pela web, nessa turnê #ByRequest, teve quase um hit atrás de hit. Os clássicos preferidos pelo povão metal foram pintando como que em blocos. De cara, o Metallica marcou um #hat-trick do “Master of Puppets”. Depois, James Hetfield deu “Fuel”, cantou “The Unforgiven”, a pesada novidade “Lords of Summer” (acompanhada com atenção, mas em silêncio), em que o Kirk Hammett faz slide guitar com uma dedeira deslizando pelas cordas; mais uma dupla de singles do álbum preto, emendadas com a sempre linda “Fade to Black”, uma dobradinha do “Justice”, um módulo do “Ride the Lightning” -rolou um momento “Heaven Can Wait” com os fãs no palco fazendo os backing-vocals de “Creeping Death”- e outro par do álbum preto.

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Momento “Fade to Black”
Instante "For Whom the Bell Tolls".
Instante “For Whom the Bell Tolls”.

Quase que só hits porque o formato de escolha das músicas pelos fãs – no geral uma ótima sacada – deixa um música pra ser votada no dia do show, por torpedo no celular. E James Hetfield teve seu momento de apresentador pedindo pro público votar. “The Day That Never Comes” pulou na frente, acabou ganhando por uns 3 mil votos de “Ride the Lightning” e … foi vaiada. Momento um tanto constrangedor pra banda. “The Day That Never Comes” não chega a ser a melhor do disco “World Magnetic”, mas é 100% Metallica. Pelo placar mostrado durante o show, umas 35 mil pessoas votaram nesse “Você Decide”. Cada celular só conseguia mandar um torpedo. Se é que conseguia, esse é sempre um problema em dias de shows e jogos com Morumbi lotado. #MET1! Mas não adiantou a galera pedir “Ride the Lightning”. Trato é trato. Ossos da democracia. Temos que respeitar as regras do jogo.

Placar parcial do "Você Decide" que o Metallica fez para escolher uma das músicas do bis. Este colunista mandou SMS #MET1... votei em "Ride the Lightning"... Hahaha!
Placar parcial do “Você Decide” que o Metallica fez para escolher uma das músicas do bis. Este colunista mandou SMS #MET1… votei em “Ride the Lightning”… Hahaha!

Vibrei com a escolha da cover de”Whiskey in the Jar”, clássico do repertório do Thin Lizzy metalizado desde o “Garage, Inc.”. Climão de garagem no estádio, superlotado por 65 mil fãs. Um público difícil de rolar no futebol brasileiro.
Tivesse votado, teria escolhido várias músicas do “Kill´em All”: “Whiplash”, “Metal Militia”, “Horsemen”, “Motorbreath”… Mas, claro, “Seek and Destroy” não podia faltar.

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Raven @ Morumbi, São Paulo, 22/02/2014.

FOTO: MRossi - divulgação T4F
Os ‘outros’ irmãos Gallagher: John no baixo e Mark na guitarra. FOTO: MRossi – divulgação T4F

Foi bacana o Metallica chamar o Raven para abrir os shows desta turnê #ByRequest. Foi o Raven que levou o Metallica em viagem, em 1983, na turnê “Kill´em All For One” (menção aos discos ‘Kill´em All’ do Metallica +’All For One’, do Raven). Pena que o som estava muuuito baixo. Os #tiozinhos da época da New Wave of Brithish Heavy Metal – nova no começo dos 80 – agitaram e  galera entrou na deles. Deu a maior força. Respeito.

Confira o set-list do show, que durou um pouco menos de 45 minutos.

FOTO: MRossi - divulgação T4F
FOTO: MRossi – divulgação T4F
  • Take Control
  • Live at the Inferno
  • All For One
  • Rock Until You Drop
  • Faster Than The Speed of Light
  • On and On
  • Break the Chain

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Metallica: da Antártida ao Morumbi.

FREEZE´EM ALL
Olê, olê, olê, M e t a l l i c a. Demais o show do Metallica na base argentina na Antártida, no comecinho de dezembro. O quarteto detonou uma pá de clássicos perante uma plateia de felizardos fãs e pesquisadores. E se tornou a primeira banda a tocar nos 7 continentes num ano. Acho que tem mais a ver com o espírito original garageiro do Metallica do que a superprodução do filme “Through the Never“.

O Metallica volta ao Brasil em 22 de março de 2014, no Morumbi, onde já tocou em 2010, na World Magnetic. Agora, é o show Metallica By Request, com setlist escolhido pelos fãs que comprarem ingresso via internet. Quem abre o show é o Raven, grupo da chamada New Wave of British Heavy Metal – movimento que influenciou os americanos do Metallica.  Continuar lendo “Metallica: da Antártida ao Morumbi.”

Nirvana, festival Hollywood Rock, Morumbi, 16 de janeiro de 1992.

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Memorabilia: credencial de imprensa do festival de 1993

Menos de seis meses depois do showzão no festival de Reading 92, que rendeu o DVD (lançado somente em 2009), o Nirvana fez suas duas únicas apresentações no Brasil, no Hollywood Rock de 1993 (talvez a melhor edição desse festival). A primeira, em 16 de janeiro, no Morumbi. O site Nirvana Live Guide publica um set-list, que mesmo incompleto, ajuda a relembrar o show. Depois de muitas das marcas registradas do trio, como “Drain You”, “In Bloom”, “Come As You Are”, “Love Buzz”, “Lithium”, “Polly”, “Smells Like Teen Spirit”, claro, entre outras, Kurt, Krist e Dave mostraram no palco gigantesco com cenário discreto (bom show de luzes) um climão de ensaio, bem informal. Brincaram de tocar covers (mais para ironia ou homenagem?): “Run to the Hills”,  do Iron Maiden, “Heartbreaker”, do Led, “We Will Rock You”, do Queen, “Should I Stay or Should I Go”, do Clash, “Rio”, do Duran Duran…

Uma semana depois, foi a vez do show na versão carioca do Holly Rock, na Apoteose.
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Shows que eu vi: Hollywood Rock 1994

Titãs em grande fase, o glam do Poison e a estreia do Aerosmith no país. Com uma noite de hard e Rock Brasil, começou a edição de 1994 do festival – em São Paulo, no estádio do Morumbi. Uma semana depois, rolou na Apoteose, no Rio.

Os ex-Toxic Twins e companhia vieram no embalo de duas máquinas de sucessos, o recente”Get a Grip” e o meu favorito, o “Pump”. Espetacular concerto que provou que Steven Tyler é um showman total. Na época, cantava pacas e agitava como uma mistura alucinada de Mick Jagger e Rita Lee. E o Joe Perry além de mandar bem demais nos riffs e solos, ainda fazia alguns vocais. Pontos altos? Todo o show, mas “Walk this Way” foi historicamente muito importante para a repaginada do quinteto de Boston, MA. Power ballads lancinantes -uma das especialidades dos caras – como “Amazing” e “Cryin´” ainda machucam os corações. Certamente, um dos melhores shows que vi na vida!

A salada sonora continuou na segunda noite de rock, do bom Live ao thrash metal do Sepultura, passando pelo hard rock do Ugly Kid Joe e um Robert Plant em plena forma. Vou falar do que conheço mais. O Sepultura estava no auge. O grande fã-clube convenceu a produção a escalar a banda com um abaixo-assinado.  O Sepultura tinha acabado de lançar o sensacional “Chaos A.D”, portanto, contava com os palmeirenses Max e Iggor Cavalera, o tricolor Andreas Kisser tocando “em casa” (Morumbi) e o atleticano Paulo Jr – os quatro quebrando tudo. FateOfNationsE o Robert Plant estreou no Brasil com um show lindíssimo, também vinha de um ótimo disco, “Fate of Nations” (alguns clássicos do Led não poderiam ficar de fora), a banda era muito boa… e ainda pavimentou o caminho  para a volta, com Jimmy Page, e o show “Unledded”, dois anos depois. Que noite de rock! Valeu!
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Pearl Jam, Morumbi, São Paulo, 04/11/2011. Aula de rock!

Pearl Jam, Morumbi, São Paulo, 04/11/2011. Aula de rock!
T4F Entretenimento | Foto: Rafael Koch Rossi

Cheguei cedo para ver o bom show de abertura da banda punk californiana X, lembrada com carinho por Eddie Vedder nos shows do Morumbi. O cinquentão estádio do São Paulo Futebol Clube encheu para ver o segundo concerto do Pearl Jam na turnê brasileira. Sold out. O quinteto e o tecladista Boom Gaspar entraram botando para quebrar com uma sequência de sonzeiras: “Go”, “Do the Evolution”, uma das favoritas da casa, “Severed Hand”, “Hail Hail” e “Got Some”. Pena que o som não estava muito legal, pelo menos da arquibancada azul, onde fiquei. A impressão é que se o sistema de som funcionou nas músicas mais calmas, não comportou as mais pauleiras.

T4F Entretenimento | Fotos: Rafael Koch Rossi

Mas o setlist deste show de sexta-feira foi melhor ainda do que o repertório da véspera (veja post anterior). Se incluísse também “Rockin´in the Free World”, de Neil Young, e “I Believe in Miracles”, dos Ramones, então, seria simplesmente perfeito! Mas o simpático Eddie Vedder (arranhando um portuinglês, com ajuda de uma cola) deu um jeitinho de citar a deliciosa “I Wanna Be Your Boyfriend” no finalzinho de “Betterman”. Hey little girl/I wanna be your boyfriend… Ramones forever, amigo Eddie! Teve “Not For You”, emendada com a citação de “Modern Girl”, do trio Sleater-Kinney. Teve “Even Flow”, parafraseando Gastão Moreira nos tempos de MTV, outra das favoritas da casa, arrasa-quarteirão como sempre. Teve “Black”, linda como nunca. Esperava que o Morumbi “viesse abaixo” com “Last Kiss“, mas a intensidade do sacolejo nas velhas arquibancadas, outras canções balançaram mais as estruturas do Morumbi, como “Once”. Rolou “State of Love and Trust”! Mais uma das favoritas da casa, prejudicada pelo som meia boca. A nova “Olé”, também tocada na quinta-feira. E para delírio dos fãs, “Jeremy”, ausente do show da véspera. Enfim, no segundo bis, “Last Kiss”. Sucesso! “Spin the Black Circle”! Duca! Depois da sensacional “Alive”, a cover de “Baba O´Riley”, do The Who! Classe! Apesar do som um tanto estranho. Pra fechar, “Yellow Ledbetter”. Para dar boa noite a quase setenta mil fãs, que vão em paz tentar procurar um táxi, a van fretada ou o carro deixado com os flanelinhas… Confira o setlist deste segundo show:

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Pearl Jam: “Last Kiss”/”Soldier of Love”

03/11/11
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  • O dia da estreia do Pearl Jam no Morumbi é uma boa deixa para lembrar do maior sucesso do quinteto. O single com a cover de “Last Kiss” (composição de Wayne Cochran) saiu em 1999. E logo chegou ao segundo lugar na parada, o que surpreendeu os caras da banda, como mostra o livraço “Pearl Jam Twenty”. O “lado B” do compacto também é uma cover: “Soldier of Love”, que tem uma batida parecida.
    A parte do Pearl Jam nas vendas foram destinadas à ONG Care, que ajudava refugiados de Kosovo.
    Certamente, as duas canções serão muito aguardadas nos cinco shows no Brasil. E entusiasticamente recebidas, se tocadas pelo Pearl Jam.

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Roger Waters The Wall Live

Atualizado em dezembro de 2011
Gosta do conceito do álbum/filme “The Wall”, do Pink Floyd? Pois foram confirmados quatros shows no Brasil do pai da criança. Roger Waters baixa com o show “The Wall Live” em: